Parecia diferente, ou quisera eu que parece-se diferente... Parecia livre, ou quisera eu ocultar a possibilidade de nao o ser... Nao queria perguntas, nao queria pressões.. queria apenas que o tempo nao andasse depressa.. queria descobrir o q sentia a pouco e pouco.. e esse pouco, sinto-o agora que se estava a transformar em algo. Algo q agora se transformou em vazio... horas perdidas, conversas de tudo e de nada, silêncios musicais.. porque? para quê?..
A Noite vem poisando devagar
Sobre a Terra, que inunda de amargura ...
E nem sequer a bênção do luar
A quis tornar divinamente pura ...
Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura ...
E eu oiço a Noite imensa soluçar!
E eu oiço soluçar a Noite escura!
Por que és assim tão escura, assim tão triste?!
É que, talvez, ó Noite, em ti existe
Uma Saudade igual à que eu contenho!
Saudade que eu sei donde me vem ...
Talvez de ti, ó Noite! ... Ou de ninguém! ...
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!!
Florbela Espanca